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Mostrando postagens de novembro, 2023

Intermezzo

Intermezzo Porto que é além Santo destrói, também Culpa que sinto, amém Sempre me erra Olho e não vejo a quem Cor que não vive sem Eu, só algum ninguém Além da espera Perto de algum além Sinto e senti, amém Sonho e sol também Nunca se erra Sombra e a luz, de quem? Sob esse véu, ninguém Sei que não sente, sem Espero a espera...

Outubro

 Outubro O fogo aviva a morte Queima, recita em piano O tempo decrescente  Nas mãos que, outrora, Uníssono em oração Trêmulo, pálido, Cálido e gélido O cálice acompanha Companhia pérfida - pútrida -, Sorvida em servidão ébria Num sopro inverso, infla Age e esvai... Os dias contam em negativo E o gris do porto Nunca é suficiente... Áridos olhos, vazios Não há gota sequer... Rezam a deus que não sejam ateus Deus, rezo que não sejam os teus Os caminhos que passo ao reverso Aceito a escolha,  Que foi minha, e minha só Matéria prima, pó Poeira ainda sou Não estou, sempre fui A luz consciente Turvou-se em nevoeiro O singelo veleiro Cessou a viagem Recebeu a vertigem Tão esperada, merecida Os dez não mais cantam,  Lamúriam, desconexos... Os sentidos perdem-se, frios... Por trinta... onde estive? Janelas abertas, casa fechada... Rasgam-se outros vinte O Anfitrião a recebe Abraços, o peito aperta Espreita, alegre,  A tristeza alheia... Ou não? Quem vem? Quem dirá palavra? Meu anseio é não viaja

Epílogo

 Epílogo Enfim, o Poslúdio Espelho de outra canção,  Coda de sonata qualquer. Cadência àspera suspensiva,  A espera... analgesia de sons parvos Foge à métrica,  Ao ritmo, pulso O impulso, da anacruse À barra dupla, sem ritornello Eis que o último gesto Aproxima o aplauso, peito baixo Olhos ao chão, de praxe Prece, como que surpreso Mas, sabes que o som, A cadência, o gesto, o palco,  A resiliência, o aplauso, salva... nada é novo Cada passo, na memória De quem (re)vive o mesmo Todos os dias.

Ritornello, casa dois

 Ritornello, casa dois Não tenho o direito, sequer De te fazer infeliz Tua vida, tu é quem reges Quem dita o ritmo e o passo Não digo com quem deves Ou podes dançar Se piso teus pés, Foi porque em algum momento Me permitiste ser teu par Se te piso os pés,  Foi procurando teu compasso Os giros de pouco equilíbrio Os oitos malogrados A enfadonha condução, carente de risos Vazia de olhares e cheia de receios Te afastas do meu peito, do abraço Poucas palavras: me encoraja E fitas o além de mim, o nada O concreto e vidro O reflexo atinge minhas costas Arqueadas, cansadas e arfantes Bloqueio tua dança, mas não... Não te quero fazer infeliz... Dança de muitos passos, trocas E fluxos e pares Eu não sei dançar.