Fuga
"Então ele imitou o fogo, amigo, até queimar-se a si mesmo." Fuga Dos pássaros, imitei o vôo E fingi cantar livre, floreado Longe das regras e teorias das páginas Imitei os livros e fingi fábulas. Imitei terra E tornei vida as sementes dos frutos Que caíam de árvores faz-de-conta Imitei as flores e fingi dançar com o vento. Imitei a noite e o silêncio Guardei segredos De vozes sussurrantes fingindo amar Imitei o amor e doí. Imitei o fogo até fingir que me queimava Imitei a mim mesmo até fingir que vivia Por fim, imitei a morte e fingi que a entendia. Finjo ser lembrança, imitando memórias Na memória de quem finge não esquecer de mim.